Outra grande recordação do Laromme, foram aquelas braçadas no Mar Vermelho, com a cabeça enfiada na água, olhos abertos, para me deliciar com aquele espantoso espectáculo daqueles tão belos e exóticos peixas raros, que deambulavam por entre aqueles caleidoscópicos corais!
Havia sobre essa praia – a Praia dos Corais – um tipo muito pitoresco, muito popular - o Raphael - que era professor de mergulho, que ao ver-me nadando ao longo da costa com a cabeça enfiada na água para ver os peixes e os corais, me queria ensinar a sua arte. Ele achava que eu devia aprender a mergulhar e regalar-me com aquele submarino festival de cores! O êxtase dessas obras-primas da Natureza, esses viveiros de peixes que pareciam não pertencer a este mundo de avaros, que apenas pensam em lucros e poder, que tínhamos ali, de borla, o mais divino de todos os bens que a terra nos pode dar: A Beleza!
Raphael muito insistiu, mas eu, traumatizado por aquele empurrão para dentro do tanque da Tapada de Mafra, alguém que queria que eu perdesse o medo, e me mergulhou num medo ainda maior, nunca acatei a sua generosa proposta! Hoje lamento não ter aceite, ter experimentado essa colorida viagem através desses corais! Eu que experimentei tanta coisa, quase tudo, falhou-me essa ocasião única de, talvez, me ter liberto desse medo atroz! Que pena não terem havido vacinas contra esses absurdos medos que vitimam tanta gente! Que grande fortuna certos laboratórios teriam feito!
Hoje, tarde demais! Raphael já deixou este mundo! Hoje apenas temos um lugarejo perto de Eilat, com o seu nome: Kfar Raphael!
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