lundi 4 janvier 2010
Rádio - O Velho Sonho de Sempre
Foi aí nesse apartamento que descobri a existência duma rádio portuguesa em Villejuif. Comecei logo a participar num dos seus programas de poesia, telefonicamente recitando alguns dos meus poemas. Os meus poemas começaram a serem apreciados e, um dia, entro numa loja ali no Boulevard Jean-Jaurés, e comprei um gravador e um microfone que instalei sobre uma longa mesa na sala, entre dois gira-discos, e comecei a gravar poemas meus com música de fundo, e a enviá-los pelo correio a essa rádio, a Rádio-Clube-Português. Os meus poemas começaram a serem passados à antena e a serem solicitados no programa de discos-pedidos.
Um dia recebi uma carta do fundador dessa rádio, o Carlos Duarte, a conviadar-me para uma entrevista. Aceitei e ele propos-me trabalhar benevolamente. A despeito de continuar a fazer limpeza para ganhar a minha vida, aceitei. A Uma bonita mulher que tinha lá um programa, convidou-me a participar na sua emissão, mas como Villejuif era bastante longe de Boulogne, foi ela que começou a vir a minha casa para gravar o programa, pois que ela tinha carro. Na nossa sala, com o meu material, criámos um programa a que démos o título de “Variante”. Foi assim que a droga de fazer rádio ressuscitou dentro de mim! Ela vinha uma vez por semana e, uma vez por semana, gravávamos esses programas. Ao ouvir-me, pouco a pouco, desengavetando os conhecimentos que tinha adquirido com a Berta de Bivar, em Campo de Ourique, comecei a colocar a voz na garganta, a articular as palavras, e a a pôr alma nas ditas. O problema foi que Marilu começou a fazer-me um pequeno jogo de sedução e eu tive de por as cartas sobre a mesa, Tudo em Partos Limpos! Daí nasceu uma grande amizade!
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