jeudi 7 janvier 2010

Cacém - Agualva à Minha Espera


Nessa manhã, muito cedo, o Pat conduziu-me ao Aeroporto de Orly, onde um avião como tantos outros indiferentemente me aguardava! A viagem foi curta cabeceando de sono. Nem essas lautas refeições que então nos eram servidas me impediram de dormitar todo o voo !

Chegado ao Aeroporto da Portela - onde no passado eu tinha laborado - apanhei um táxi para a Estação do Rossio, ali nos Restauradores. Apanhei o meu velho comboio para o Cacém, parando em todas aquelas estações que, no passado, tantas vezes apararam os meus sapatos. Ao passar pela Cruz Quebrada, Queluz, e Amadora, antigas doces recordações me assaltaram !

Chegado ao Cacém peguei na minha mala e pus os pés a caminho. Caminho esse que os meus pés ainda sabiam de cor! Chegado ao Palacete do meu irmão Zé, a porta, uma vez mais, me foi aberta pela minha tão querida Maria dos Carmos! Ela subiu comigo ao primeiro andar para por à minha disposição o pequeno divã da casa de jantar onde tantas vezes eu brincara com a Lurdinhas. A minha mala foi posta no pequeno quarto das traseiras, onde minha mãe dormia sempre que ela lá vinha passar os seus três meses de estadia em casa do Zé. Minha mãe estava sentada na cozinha a fazer o seu habitual croché. Ao ver-me ela deu um grande salto de contentamento, e o seu croché caiu-lhe aos pés. Foi uma grande alegria para todos!

Depois desci par visitar a fábrica e matar saudades do Zé e dos tempos em que eu partira tantas agulhas naquelas maquinas todas. Zé ficou feliz de me rever, esperando que desta vez eu estivesse de volta para sempre, dando-me alguns bons augúrios para o meu futuro no nosso país. Que chagava de andar por aí às cambalhotas por esse mundo fora!

As recordações mais vivas que me ficaram desses três meses que lá passei em busca de emprego em Lisboa, foram aquelas jantaradas que a Maria dos Carmos preparava na cozinha e que servia na casa de jantar - então também o meu quarto - porque era apenas nessa dependência que havia um televisor. Ela não podia, de modo algum, perder as suas Telenovelas brasileiras que eu tanto detestava!

A minha rotina começou a ser a leitura dos jornais e os contactos a fazer com os hotéis que pediam pessoal. Eram poucos e não todos os dias! A maioria das minhas chamadas telefónicas chegavam quase sempre atrasadas. O posto já tinha sido tomado por outra pessoa mais matinal do que eu.

As tardes eram passadas no Cacém a bisbilhotar o que se passava nessa imperceptível cagadela de mosca no mapa de Portugal. Era fatal! Eu tinha que me sentar uns momentos na Pastelaria Primorosa para um café e um bom pastel de nata, para matar saudades da minha já tão longínqua infância!

Mais tarde descobri a existência dum outro Café muito mais perto da fábrica. Foi nesse Café que comecei a passar as tardes a ler os jornais e a rever todos os anúncios. Essa matinal tarefa terminada, através dos grossos vidros da montra, via as belezas locais passarem, chocalhando as suas nádegas, coisa que já há muitos dias me não tinha passado por baixo! Era sobretudo aquele tão caracteristicamente português hábito de meter a mão no bolso esquerdo das calças, a amassar o pão nosso de cada dia, que mais me excitava! Olhava os outros clientes do Café e ouvia as larachas que eles trocavam entre eles. Verificava com um certo desapontamento, que as mentalidades dos jovens em Portugal não tinham realmente evoluído! Nem ao menos um pouco! As conversas eram todas à volta de futebol, politica, e "gajas" que tinham "comido" na véspera!

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