samedi 30 janvier 2010
Abusos de Poder, Igual a Martírios
Para voltar de novo aos meus velhos tormentos, apareceram-me os meus primeiros problemas de saúde. Sem saber por que razão, comecei a ter inopinadas urgências de urinar. Eram todos os quartos de hora! dia e noite! Fui ver o meu médico. Ele, com uma carta por si manuscrita, enviou-me a uma clínica em Thiais para fazer um exame do qual eu nunca tinha ouvido falar, a que eu viria a chamar "bitoscopia", pelo facto de se tratar duma sonda que me enfiavam uretra acima - isto sem qualquer anestesia local - para investigarem não sabia muito bem o quê! Esse exame era extremamente doloroso pelo facto de haver uma pequena câmara na ponta dessa sonda, para que o cirurgião analisasse certos órgãos internos ali para as paragens do meu corpo que até essa data só me tinham dado prazeres incalculáveis!
Esse primeiro sacrifício pagão foi nessa clínica em Thiais. Quando dois jovens assistentes com cara de enterro me vieram chamar à sala de espera, fiquei contentíssimo da vida, pensando que esse cirurgião iria resolver-me esse tão desagradável problema sem grandes afazeres. Porém, enquanto aguardávamos a chegada do cirurgião, esses dois perturbados e perturbantes jovens pediram-me para me despir da cintura para baixo e me estirar naquela marquesa. Até ali tudo muito bem. O cagaço assaltou-me quando eles, enquanto um esterilizava um estranho utensílio, o outro pegou no meu sexo e começou também, com uma seringa, a injectar algo de oleoso dentro da minha uretra. Depois do embaraço foi o terror que de mim se apoderou! Momentos depois entra o cirurgião. Disse-me boa tarde e explicou o que me ia fazer. Que ia dar uma vista de olhos à minha bexiga. Que magoaria um pouco mas que não tínhamos outra alternativa! Depois foi avançando e comentando a viagem da minúscula câmara dentro de mim, desbravando os meus órgãos internos, dizendo que estava tudo na ponta da unha e que não precisava de qualquer intervenção cirúrgica. Depois retirou a sonda, descalçou as luvas, e disse-me que fosse para casa e que esquecesse o assunto!
Aliviado, depois dessa inesperada pavorosa experiência, regressei a casa e preparei-me uma vez mais para fazer face ao meu pobre futuro sem grandes expectativas! Uma outra rotina se instalou no meu dia-a-dia. Tudo poderia ter entrado nas normas se não fosse o problema das constantes corridas para a retrete para urinar. Voltei a visitar o meu médico, o qual se mostrou muito surpreendido, pois que tinha recebido uma carta de Thiais dizendo que estava tudo em regra com a minha bexiga. Depois de ter insistido que não era o caso, pois que o problema persistia, novamente ele me faz uma outra carta para outro urólogo numa outra clínica, para um duplo exame e um segundo diagnóstico.
Desta vez fui desaguar numa bela clínica em Ivry sur Seine, nas mãos dum cirurgião encantador que me propôs outra « bitoscopia » ! Depois de me ter queixado do horror que esse exame sem qualquer anestesia representava, ele prometeu-me fazer uma anestesia geral , mas que tinha de ser hospitalizado nessa clínica, para no caso de ele encontrar algo que fosse necessário rectificar, ele o pudesse fazer imediatamente!
Na data combinada, com o meu pequeno saco dos meus necessários haveres, lá me apresentei nessa clínica em Ivry. Claro que, muito bem recebido, acompanharam-me ao terceiro andar e apresentaram-me o meu confortável quarto com janela para a rua. Na manhã seguinte vieram-me buscar de padiola para me levarem para o bloco operatório. Na antecâmara deram-me uma injecção e imediatamente tombei na minha coma artificial Nem cheguei a ver o cirurgião que me iria operar. Horas mais tarde acordei no quarto de reanimação. Um enfermeiro veio buscar-me para me transportar até ao meu bonito quarto. Pelo caminho apercebi-me que eu tinha um tubo que me saía pela uretra, que aterrava num grande bocal de vidro. Fiquei aterrado. O bocal estava cheio de sangue. O enfermeiro ajudou-me a transferir-me para a minha cama, substituiu o ensanguentado bocal por um outro bocal mais apresentável e, afastando-se, disse-me que dentro de alguns momentos me seria servida uma refeição ligeira. Depois dessa refeição a enfermeira inspeccionou a minha sonda e, antes de sair, sugeriu-me que eu devia agora descansar um pouco.
Cinco dias estive nessa cama com uma muito regular mudança de bocais, refeições ligeiras, tomadas de temperatura, e um doce sorriso antes de sair, pedindo-me que tentasse dormir. As dores na uretra e aquela intrusão da sonda dentro daquilo de eu tanto me orgulhava, que me prestara grandes serviços no passado, mas que, desde que a Sida fez a sua aparição, apenas me servia para urinar e ocasionais sessões de desenrasca-te! A minha imensa frustração era perceber que aquela coisa que me tinha sido conferida para urinar e procriar, estava agora limitada a apenas quase um pequeno estorvo. Isso desmoralizava-me ao extremo das das minhas capacidades de agressões externas!
Ao fim desses cinco dias, uma manhã, um enfermeiro veio extrair a sonda da minha uretra e, pela primeira vez na vida, um muito atraente jovem se ocupava da minha intimidade, sem que ela, como no passado, engordasse com apenas um sorriso acompanhado duma piscadela de olho! Depois aconselhou-me um duche, e que me preparasse para regressar a casa e voltar dentro de dois dias para a necessária inspecção pós operatória. O cirurgião? Nem vistas! Devia já estar a jantar com a família e amigos, nalgum daqueles restaurantes muito chiques dos Campos Elísios!
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