vendredi 15 janvier 2010

26, Blvd. Vaillant-Couturier - Ivry




Foi no 26, Boulevard Vaillant-Couturier, no último andar, com um grande terraço com uma descampada vista, que a Alfa realmente levantou voo! Foi nessa Alfa que eu também abri um pouco mais as asas para tentar sobrevoar os meus lamentáveis tempos de criada de servir! Foi com a Bica e Copo de Água que eu tentei descolar do lodo para aterrar em casa daqueles que nos escutavam e gostavam de o fazer! Nessa altura a Alfa era uma companhia para os portugueses residentes na zona de Paris e que tinham vontade de ouvir falar Português e ouvir música que lhas falava da sua meninice, adolescência, juventude, deixados lá longe para além das fronteiras com a Espanha: O nosso Portugal! Na Bica eu procurava precisamente isso! Nessa altura ainda não tínhamos ainda todos aqueles progressos tecnológicos actuais que carregamos num otão e o nosso indicativo vai para o ar. Nessa altura, para o meu indicativo, eu utilizava uma dúzia de cassettes audio umas atrás das outras para que o meu indicativo fosse para o ar! Primeiro era a cassette com os barulhos de Café, depois a Amália que dizia:

- Bica e Copo de Água é uma realização, apresentação e técnica de Rogério do Carmo!

Logo a seguir vinha a voz da pianista Maria João Pires que reclamava:

- Olhe! Se faz favor! Uma bica e um copo de água!

Era então que eu entrava em acção gritando:

- Sai uma bica e um copo de água!

***

Depois o seguimento da primeira hora tinha sido estruturado na véspera em minha casa. Incluindo as gracinhas do senhor Fagundes!

Nessa emissão tive centenas de convidados, e os que mais me marcaram foram a Rika Zarai e as suas receitas de bem viver; a Maria de Medeiros e o seu talento para o teatro; o C. Jerome e a sua bonomia; a Amália Rodrigues e aquela sua voz que me acompanhou ao longo da minha vida; a Juliette Greco e o seu espantoso talento; e tantos mais...

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