lundi 4 janvier 2010

A Bela e Florida Place Corneille




O apartamento nessa bela Praça de Boulogne-Billancourt agradou-nos plenamente! Só havia um quarto de dormidas, mas havia, antes de mais nada, uma larga e longa varanda como prolongamento da casa toda. Tínhamos uma grande casa de banho, um grand hall de entrada com dois pequenos anexos onde pendurar os fatos e arrumar todas as outras roupas. Fizémos desses anexos um para o Pat e outro para mim. Do meu fiz também um pequeno quarto com um estreito divã e uma mesa de cabaceira que fizera dum caixote de sabão que encontrara na rua. Ao fundo tinha o meu guarda-roupa. Desse minúsculo cubículo fiz o meu refúgio, a minha toca. Quando tínhamos visitas era lá que eles se acomodavam. Quando não haviam, era lá que eu me escondia do mundo!

A sala era enorme e tinha uma larga janela de parede a parede, e o canto casa-de-jantar com um belo aparador. Tínhamos um grande sofá, o qual não se podia abrir como cama. Daí a utilidade do meu esconderijo para as visitas. Embora que esse canapé fosse longo e largo que chegasse para dormir umas noites. Mas sem a privacidade que o meu anexo oferecia.

A minha dependência preferida era a belíssima cozinha com uma abertura na parede como acesso à pequena casa de jantar que dava para a varanda. Como tinha comprado um grande livro de receitas intitulado “Especialidades Internacionais” atirei-me de cabeça e comecei a confessionar pratos deliciosos que viriam a surpreender o Pat e algumas das nossas visitas. Foi nessa cozinha que eu também confessionaria um bolo de chocolate que não ia ao forno, que se consolidava no frigorífico. Que o Pat adorava! Mas tive de deixar de o fazer, pois que levava uma dúzia de ovos, e havia o Colesterol a ser tomado em consideração. O Colesterol até batia palmas quando ele lá chegava, mas o nosso vizinho, o belo e doirado Dr. Shweitz, recomendou não abusar de tais orgias!

Desse regresso a Boulgne, o que mais me agradou foi o retorno ao meu belo grande Supermercado onde esbarrara com um dos meus muito gostosos amantes: o Hanz, o tal alemão que morava mesmo ao lado. Dei lá um salto para lhe dizer que eu estava de volta. Bati-lhe à porta! Acordei-o! Ainda estava na cama! Ele, depois de fachar a porta voltou cambaleando de sono para o seu nicho. Não tive outra alternativa senão aconchegar-me nos seus braços e matar saudades das nossas belíssimas viagens de ida e volta do passado. Ai estava garantida a matança da minha insaciável fome de sexo! Como depois o convidei a mostrar-lhe onde então eu morava, ali mesmo por detrás, a dois passos, foi ele depois que começou a acordar-me quase todas as manhãs, para um duche a dois. Como o meu sabonete tinha aquela peculiar mania de andar sempre a escorregar-nos das mãos, um de nós tinha de o recuperar!

Foi também nesse apartamento que viria a conhecer o vizinho de baixo, o Remy! Não recordo como tudo começou! Lembro-me que ele subia frequentemente para jogarmos ao Rummy. Começou a provar os meus petiscos e começou a gostar dos meus cozinhados e a vir amiudadamente tomar o pequeno almoço comigo na minha pequena casa de jantar com janela para a varanda. Depois começou ambém a vir passar a noite no meu anexo, naquela pequena cama para os hóspedes. Depois do Pat ter saído para o trabalho, ele vinha - todo nu - com a sua matinal afrodisíaca erecção, enfiar-se na minha cama. Nunca saberei exactamente o que se passava na sua cabeça, no seu corpo, que indomáveis forças o empurravam para dentro da minha cama logo ao acordar! Mas a verdade era que eu desejáva desesperadamente aquele seu belo e jovem corpo todo branco a transbordar de seiva e talvez também de oportunos intuitos. Mas nunca ousei tentar descobrir o que esse branco corpo que se me oferecia a medo, porque receava perder um bom vizinho que gostava de jogar às cartas e dos meus pequenos-almoços. Se nos tivéssmos entregado um ao outro isso seria por apenas umas tantas efémeras e passageiras aventuras! Eu preferi não demolir a nossa mutua amizade.

Muitos anos depois, ao encontrar por acaso o seu número de telefone na pesada lista, telefonei-lhe para ver se esse Remy era o mesmo que eu tanto desejara. E era! Só que, entretanto, ele tinha mudado de casa, tinha-se casado, tinha descendência, e preferiu recordar-me como então eu era. Ou talvez, quem sabe, esconder-me todos esses anos que lhe tinham passado por cima. Ou, pior ainda, medo de voltar a desejar novamente o meu corpo então já certamente muito menos desejável!

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