lundi 4 janvier 2010
Os Bombeiros Incendiários
Durante esses tempos nesse apartamento, como tinha essa grande varanda, gostava de tomar banhos de sol todo nu. Ora uma dessas manhãs, comecei a ouvir um estranho burburinho de janela a janela. Espreitei por entre as grades e vi, na janela mesmo em frente, um homem que, da sua janela no seu sexto-andar, ameaçava saltar. Vesti um calção e, como todos os outros vizinhos nas suas janelas, comecei também a pedir ao suicida para não saltar, que a vida, a despeito de tudo, era bela e merecia ser vivida! Que a Morte viria sozinha procurá-lo, que não valia a pena ir ao seu encontro. Ele continuava ali especado, de pé sobre o seu parapeito, olhando para baixo. Entretanto alguém tinha chamado os bombeiros e eles não sabiam o que fazer para o dissuadir do seu gesto. Eu, revoltado com a minha incompetência para o fazer mudar de idéias, experimentei o contrário - talvez o mais persuasivo - gritei-lhe:
- É pá! Salta, porra! Tenho mais que fazer! Acaba lá com essa fita! Tenho de ir trabalhar!
Foi remédio santo! Ele recuou, saltou para dentro e fechou a janela. Um dos bombeiros olhou na minha direcção e perguntou-me se eu queria ser bombeiro. Que era de gajos como eu que eles precisavam! Se queria ingressar na sua caserna? Claro que ingressaria de muito boa vontade, mas não para salvar vidas, mas muito mais para apagar esse maldito fogo que constantemente me queimava o corpo todo!
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