mercredi 27 janvier 2010
A Dolorosa Morte da Cuca
A minha vida, o meu destino, a minha odisseia, tinham de continuar! Novamente uma luta constante para sobreviver, pois que para viver o caminho parecia-me vedado. Não sabia que malditas forças me tinham tolhido os passos!
Voltar para a limpeza em casa dos outros começava a ficar fora de questão. Com os meus sessenta Outonos sobre as minhas espáduas, essa saída pareceu-me também sem qualquer entrada. O meu corpo começava a enviar-me incontestáveis mensagens dum irrevogável declínio físico! Tinha que olhar em frente em busca doutra quimera, doutros recursos de continuar a esbracejar até à outra margem!
Para ainda mais me abater, a Cookie - a quem eu ternamente chamava a minha Cuca - também com os seus vinte anos sobre o seu alquebrado lombo, começou a ter dificuldades para se deslocar. Ela a custo se arrastava para ir à sua toilette e ao seu pratinho para se alimentar. Tanto ao Pat como a mim mesmo, custou-nos muito vê-la acartar com tanto custo o seu pequeno já tão fatigado corpo. Pat levou-a ao veterinário mas, visto a sua elevada idade para um gato, ele aplicou-lhe, implacavelmente, o golpe de misericórdia! Aquela injecção, aquele corpo que deixou de arfar, aqueles tão lindos olhinhos verdes que para sempre se fecharam! Juntos chorámos essa grande companheira que tinha compartilhado connosco vinte anos das nossas existências, e jurámos solenemente: Basta de gatos, basta de tão dolorosas separações!
Durante meses a Cuca continuou a marcar presença naquela casa agora tão vazia! A despeito de termos deitado fora os seus pratinhos e a caixinha de areia onde ela tanto gostava de vasculhar, a cada instante os nossos pensamentos a procuravam. Uma vez mais a morte se me deparou como a única possível fuga ao sofrimento humano e animal!
Uma tristeza, uma sombra negra, pairou no ar até que o tempo injustamente apagou aos poucos aquela tão nossa preciosa e chorada presença. Gradualmente essa presença que tanto por vezes nos incomodava, transformou-se numa insuportável longa ausência! A jura ficou no ar: Não mais gatos! Não mais a perda de "alguém" que tanto amámos! Finito! Mais vale viver só do que demasiado bem acompanhado!
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