samedi 30 janvier 2010
O Doce Caramelo da Minha Alma
Pouco conformado com a minha sorte, lá ia reagindo o melhor que podia para não me deitar pela janela abaixo. O suicídio tornara-se-me numa intransigente obsessão! Saía bastante para fugir a tentações e fingir que ainda vivia. Ia ao Café ver gente, fazer as minhas compras, organizar o jantar, mas sentia-me sempre assustadoramente só desde o dia em que a Cookie fora abatida. Trabalho já nem me dava ao trabalho de procurar. Na minha idade já todas as portas se tinham fechado para mim! Restava-me o ficar em casa distraindo-me com o nosso pequeno computador. Escrever, para mim era uma frágil bóia onde me agarrava para ainda não soçobrar! O que me valia era que éramos frequentemente convidados a jantar em casa de colegas do Pat. Nesses dias não tinha que me preocupar com cozinhados e ainda por cima saía de casa, passar umas horas noutros ambientes menos tensos do que o meu caseiro dia a dia!
Um desses convites chegou-nos um dia de Boulogne, duma amiga do Pat que vivia só e tinha muitos gatos. Ela morava no último andar dum edifício que fazia esquina com a Rotunda Marcel Sembat. Normalmente íamos a um restaurante italiano ali muito perto, mas nessa noite ela decidiu preparar-nos uns bons petiscos em sua casa. Ela tinha aí uns quatro gatos, mas nessa noite encontrei um novo lindo focinho. Era um gato que ela encontrara perdido na rua e que o tinha trazido para casa a pensar em nós, que tínhamos perdido a Cookie. Claro que recusei! Eu não queria mais gatos na minha vida! Porém a páginas tantas esse belo gato amarelo e branco subiu para o meu colo, enroscou-se, começou a ronronar, e depois adormeceu. Ela virou-se para mim e atirou abruptamente:
- OK! Tu não o queres mas ele já te adoptou!
Moralidade da história: Depois dessa grande jantarada onde tínhamos chegado dois, regressou a Villjuif uma pequena família de três cabeças e três rabos. No carro ele continuou ao meu colo e mal chegámos a casa pu-lo no chão. Ele visitou a casa toda, fez dela o seu novo território, e nessa noite noite já dormiu connosco na nossa cama. Como ele era muito amarelo dêmos-lhe o nome de Caramelo!
A presença do Caramelo na nossa casa e nas nossas vidas, trouxe-nos uma certa alegria de viver que tínhamos perdido quando o Pat levara a nossa querida Cookie ao matadouro. Mas o Caramelo não vinha tomar o lugar da Cookie, ele vinha simplesmente ser o mestre do seu território, não o da Cookie. Para nós Cokie estava no céu à nossa espera e enquanto esperávamos, o Caramelo para nos ajudar a esquecer a sua ausência. Muito rapidamente ele começou a ser o dono da casa e nós os seus serviçais amigos. Tive muitos gatos na minha vida, mas este, nunca saberei por que razão, amei-o como nunca amara todos os outros que tinham velozmente atravessado a minha estrada, mas que nunca foram realmente esquecidos ! A minha vida continuou sem eles, mas eles continuaram na minha vida! Desde o Farrusco, no Cartaxo, o primeiro gato da minha vida, e todos os outros que vieram depois, foram como elos duma corrente que me aprisionaria para todos o sempre. Ele já não era nenhum bebé, mas quando o levámos ao veterinário para o declarar e obter os documentos necessários das usas vacinas, ele disse-nos que ele devia ter aí os seus quatro anos!
Comprámos uma casinha para ele, assim como a sua nova casa de banho, brinquedos, pratos para lhe servir as suas refeições e, claro, carradas de doses individuais de paparoca para o nosso novo bebé! Uma coisa era certa, uma determinada obsessão de acabar os meus dias foi de férias por alguns tempos. Ele gostava muito do meu colo e eu muito da sua doçura. Ele tornou-se num grande companheiro de ditas e desditas! Para onde eu ia ele seguia-me! Pior do que um cachorro! Os gatos são normalmente muito independentes, mas o Caramelo era como uma parte de mim mesmo da qual nunca mais me separaria. A sua presença ajudava-me a de tempos a tempos esquecer o meu outro bebé que me era também tão caro e insubstituível: a Alfa!
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