samedi 23 janvier 2010
A Devastadora Ímpia Depressão
Ao chegar a casa, subir àquele segundo andar, foi como subir à torre mais alta dum fantasmagórico castelo, com ideias de saltar e ficar enterrado na terra lá em baixo, até aos tornozelos. Que os meus pés ficassem de fora para eu poder ir um pouco mais além! Mas ao abrir a porta a minha gata - a Cookie - já entorpecida pelos anos, roçou-se toda por mim. Peguei nela ao colo, encostei a minha face àquele doce focinho e imediatamente encontrei mais outra desculpa para continuar de pé! Ela precisava ainda tanto de mim! Encontrei nela uma basta razão para continuar de pé! De amar e ser amado! Nesse momento realizei que eu amava a minha gata e que ela me amava também! Como dissera um dia, daria a vida para nunca morrer, mas nesse momento senti que a morte seria talvez a melhor maneira de deixar de andar a mendigar por este mundo a rebentar de atrocidades, mas eu queria ser mais forte do que essa incontestável realidade! Ao olhar para a nossa mesa de casa de jantar, ali, onde a Alfa tinha sido gerada, essa rádio que para mim era como um filho que me tinha saído das minhas próprias entranhas, que tão malvadamente me tinha sido arrancada aos meus braços agora pendendo ao longo do meu corpo farto de labutar para encontrar sempre uma razão para avançar, pensei seriamente em recuar! Recuar até ao ventre de minha mãe. Se possível, até mesmo aos testículos de meu pai! A vida e a morte são tão naturais como fechar os olhos para lavar a cara, mas nesse dia eu não fechei os olhos sob a torneira para lavar o sal das minhas lágrimas! Senti-me como uma lâmpada fundida à espera de ser deitada fora, mas decidi carregar de novo as baterias e dar ainda à luz mais alguns sonhos ainda por serem inventados!
O meu maior problema era que eu tinha de fazer planos de futuro mas o futuro parecia ter deixado de existir para mim. Como se ele, de repente, me tivesse fechado a porta na cara! Eu que, na Alfa, tinha sempre tantos projectos de futuro, além de amar e ser amado! Percebera que nunca poderia ser amado por todos os meus colegas, por haver entre nós uma demasiado grande diferença de culturas e vivências. Eu tinha corrido mundos e eles tinham-se limitado apenas ao velho "em Agosto se Deus Quiser, vou de Férias a Portugal"! Eu falava uma língua morta e seis bem vivas, e eles falavam apenas uma mistura qualquer chamada "imigres"! Eu publicava livros que recebiam Prémios Internacionais, e eles nem sequer se davam ao trabalho ou ter a competência de escrever os seus próprios programas! Eu tinha feito um retrato dum rei português que tinha sido catalogado Património do Estado em Portugal! Eles nem sequer sabiam fazer um rabisco! Eu era extrovertido, sempre mostrando abertamente quem eu realmente era! Eles escondiam-se por detrás duma boca cerrada, que nada mais tinha para dizer que pequenos nada inofensivos insultos feitos de esguelha, ao passarem por mim! Lamentei imenso essas distâncias por eles próprios criadas, pois que gostava deles tal como eles eram e apenas pedia em troca que eles gostassem de mim tal como eu era! Esforços vãos!
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Aiiii! Que foto é essa???
RépondreSupprimerAbraço
Regina
www.toforatodentro.blogspot.com
É uma foto que encontrei por acaso na Net e que me trouxe à memória algo que tão dificilmente vivi!
RépondreSupprimerUm beijo cá de longe,
Rogério