lundi 16 novembre 2009
As Nossas Primeiríssimas Viagens
A vida continuava a avançar docemente para não chegar depressa demais fosse lá onde fosse que ela teria de chegar! Era o trabalho na Foyles com as minhas longas conversas com o responsável do “Foreign-Departmennt”, em Hebraico, que era um grande prazer para ambos. Ele queria que eu fosse trabalhar com ele sob as suas ordens, mas Christopher Foyle julgou-me muito mais útil como telefonista, pelo facto de eu falar muitas línguas. Quando lhe pedi transferência para o “Foreign-Department”, a sua resposta foi aumentar-me o ordenado e promover-me a “responsável” do P.B.X.! Aceitei, pois que realmente muito gostava de trabalhar ao lado da minha querida colega, a Suzanne, a minha bela dinamarquesa! Claro que também teria gostado de ter sido transferido para o “Foreig-Department” onde, estou certo, veria caras e não apenas escutar “vozes”, como acontecera com a Joana d’Arc! Haviam outras razões! Gostava de ir almoçar com o Pat todos os dias úteis no Self-Service do Woolworth’s, onde muitas vezes a Hella nos vinha fazer companhia. Por outro lado queria deixar de novo crescer o cabelo e vestir as minhas “hipsters” e ser seguido na Oxford Street por jovens cujos olhos não sofriam de fastio! Por vezes ia até à Carnaby Street ver as montras e seduzir algum distraído que quisesse entrar ali num certo vão de escada onde procurávamos acelerar a digestão.
Os fins de semana eram quase todos passados em Chalk Farm tomando banhos de sol no Primrose Hill Park, quando o Astro-Rei não nos virava as costas; fazer a limpeza do nosso pequeno ninho de amores e, de vez em quando, irmos passá-los a Braintree com os pais do Pat. Eu gostava bastante de Braintree e do pai do Pat que parecia ter-me adoptado como um outro filho. Ele era o único. O resto da família faziam-me sentir um tanto afastado, como se eu fosse apenas um intruso. Um “bloody foreigner”, como uma vez o escutei vindo da boca da mãe que julgara poder reter o seu Pat sempre a seu lado, pois que tinha certamente percebido que ele, como não andava com raparigas, nunca lhe seria roubado por uma nora, coisa que ela, como possessiva mãe que era, evitava demasiados contactos. Não como a minha mãe que, um dia, quando fomos a Portugal pela primeira vez e o apresentei à minha, ela, pondo-lhe uma mão sobre o ombro, ternamente lhe disse: “Deus deu-me mais um filho”!
Gostávamos muito de ir passear pelo parque, pois que havia muita gente que por lá andava, entre eles, muito rapaz novo que, mal havia um raio de sol, exibiam as suas belas pálidas coxas. O outro luxo desses domingos no parque eram os fatais “fish and chips” embrulhados num jornal para saborearmos sentados num banco ou à sombra duma verdejante pequena árvore oscilando à brisa. Eram nesses momentos que fazíamos planos de futuro. Falávamos de viagens que gostaríamos de fazer. A primeira viagem que fizemos ao estrangeiro foi precisamente Portugal! Pat adorou o país e o seu céu azul e sol derramando-se sobre as nossas faces, enchendo tudo de luz, coisa que em Londres era bastante raro. Nesses tempos uma das características de Londres era ainda o famoso nevoeiro que não nos deixava ler os nomes das ruas quando procurávamos uma morada qualquer! Haviam também as idas aos Pubs. Começámos a ir à pesca a um Pub em Camden Town e outro em Hampstead, onde os “peixinhos” eram mais frescos e saltitantes. Muitas vezes éramos dois quando saíamos de casa, e três quando voltávamos. Ambos tínhamos compreendido que a vida era curta e que devíamos aproveitá-la o mais e o melhor que se podia!
Certo dia alugámos um carro e fomos descobrir um pouco dessa bela Inglaterra sempre verdejante o ano todo. O Pat conduzia muito bem porque tinha tirado a carta com muitos “valores”, e o seu grande sonho era ter um carro que o esperasse lá em baixo em frente da nossa porta. Uma vez pedimos à irmã do Pat que nos emprestasse a sua tenda e fomos por aí fora descobrir Devon e Cornwall. Algures em Cornwall, armámos a nossa tenda numa bela clareira onde, depois de ter feito algumas compras, improvisei uma pequena refeição utilizando um pequeno fogareiro a gás e, depois de termos arrotado umas tantas vezes, fechámos a tenda e fomos - depois de uns momentos de intimidade - dormir! Pat estava cansado de conduzir o dia todo e eu estafado de interferir com a condução dele, sugerindo onde irmos, seguindo as instruções do meu grande mapa. Ao meio da noite fomos acordados por um violento vendaval que nos levou a tenda pelos ares. Apanhámos um grande susto mas sobrevivemos. Quando devolvemos a tenda à irmã do Pat, compreendemos que com o clima inglês não era mesmo nada fácil andar de tenda às costas. Nesse dia decidimos que as próximas férias seriam no estrangeiro, algures onde o sol e a calmaria imperassem!
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