vendredi 6 novembre 2009

O Fernando Parrau
















Chegados ao Cacém lá fomos a pé até à Fábrica, arrastando a custo a minha pequena mala que se tinha dado ao luxo de ter andado vadeando por essa Europa mal conhecida. Chegados à Fábrica, foi o alvoroço! Minha mãe - que já não nos víamos há seis anos - caiu-me nos braços em lágrimas. As primeiras palavras que da sua boca sairam foram:

- Ai o meu rico filho!

Aproveitei - para disfarçar a minha comoção - como tanto do meu gosto, a brincar com as palavras. Adoro as palavras!

- Mãezinha! Rico? Eu? Eu que não tenho um tostão e que vou ter de pedir ao Zé Manel que me empreste algum dinheiro para eu chegar a Londres!

O Zé Manel, que também me tinha vindo abrir os seus braços, imediatamente replica:

- Dinheiro? Eu? Não sou nenhum Banco!

Mesmo assim emprestou-me cinco contos que nunca lhe cheguei a devolver!

Foi com grande alegria que revi a minha querida Maria dos Carmos cujas gargalhadas ela utilizou para disfarçar as suas contidas lágrimas. Foi tão emocionante voltar a ver os meus irmãos Carlos e Fernando! Ver de novo aquelas instalações onde eu tinha trabalhado e voltar a dormir no divã da sala onde pernoitara tantas noites no passado! Voltar a sentar-me na borda do lago do jardim e molhar os meus pés, como tantas vezes o fizera nesses belos tempos de menino, e depois adolescente! Tão bom voltar a ter as atenções da Maria dos Carmos e regalar-me com a sua gostosa cozinha! Os seus inesquecíveis pastéis de bacalhau! O seu arroz de tomate! O seu riso que enchia a casa toda! Que bom voltarmos um dia a estarmos de novo junto seja lá onde for!

Minha querida Maria dos Carmos...

Meu irmão Fernando simpatizou tanto com o Parrau que o levou para sua casa e o acomodou no divã da sua casa de jantar. A partir dessa data, pouco mais o vi! O Fernado encarregou-se dele e mostrou-lhe as poucas belezas ou sítios importantes do Cacém. Para mim, o sítio mais importante do Cacém era a fábrica do meu Zé, onde tinha sido tão feliz muitos anos atrás! O Parrau apenas passou duas noites com o Fernado e a Lucília, a minha cunhada, e os seus dois miúdos. O único passeio que dei com o Parrau foi levá-lo ao cimo daquele monte onde eu por vezes me refugiava para ver o por-de-sol! Nessa tarde fomos acompanhados pela Maria Laura, a filha do meu irmão Fernando, com quem o Parrau tanto engraçara!

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