lundi 16 novembre 2009

Mrs. Murray enchapelada
















Realmente foi uma prenda do céu aquele emprego no Foyles! O P.B.X. já sabia como o utilizar e, ainda por cima, tinha, sentada a meu lado, uma bonita assistente dinamarquesa que era um prazer tê-la ali meu lado mostrando os seus belos joelhos! Ela era uma rapariga bastante culta e imediatamente simpatizámos um como outro. Nós falávamos o Inglês e assim começámos a nos descobrir por dentro. Como os fins de semana eram feitos por dois outros telefonistas nós tínhamos os fins de semana e frequentemente ela os vinha passar connosco a Chalk Farm para se sentir menos só. Levámo-la uma manhã ao Zoo, o que ela apreciou. O que ela mais aprciava, além da nossa copanhia, eram os meus cozinhados, acepipes para ela uma grande novidade, pois que nunca visitara Portugal nem nunca tinha ido a um restaurante português. Tornámo-nos grandes amigos e no dia em que deixei a Foyles ela verteu uma pequena lágrima!

O nosso pequeno apartamente começou também a ser visitado pelos nossos vizinhos. Nós estávamos no primeiro-andar e Mrs. Palozzi vivia no rés-do-chão e amiudadamente me pedia para eu lhe ensinar a preparar pratos portugueses. Ela tinha um enorme cão já muito velho e quando esse cão morreu ela chorou o dia todo lá em baixo, e eu cá em cima! No segundo andar morava a Mrs. Murray e seu marido. Eles eram ambos reformados e muitas vezes nos convidavam para jantar com eles. Nunca esquecerei aquela noite quando subimos para jantar e todos os quatro nos sentámos à volta da mesa da cozinha onde haviam talheres para quatro pares de maxilares. Para nossa surpresa, ela começou a trazer-nos os pratos já bem atulhados que punha sob os nossos queixos. Nós pegámos nos garfos e nas facas e atacámos. Só Mr. Murray não tinha sido servido. Quando ele perguntou onde estava o seu prato, Mrs. Murray respondeu-lhe que o prato dele estava ao pé dos seus dentes! Mrs. Murray queria que ele tivesse a sua dentadura permanentemente na boca e ele só a usava para comer. Ela queria que, ao menos, ele a pusesse quando tinham visitas. Ela estava furiosa! Ele insistiu, que queria o seu prato mas o seu prato estava ao pé dos seus dentes que aparentemente passavam os dias e as noites num copo de água na casa de banho. Subi à casa de banho e o seu prato lá estava perto do copo no qual os seus dentes me sorriam! Nessa noite quem serviu o jantar ao Mr. Murray fui eu, divertidíssimo com a birra da Mrs. Murray!

Mrs. Murray era uma mulher cheia de vida e gostava de sair à noite. Ir ao cinema, ir dançar. Ela gostava muito de dançar, mas como não frequentava clubes limitava-se a ir às festas da igreja ali perto onde ela ia à missa todos os domingos de manhã. Sempre que havia um baile lá na igreja, ela, como não gostava de sair sozinha, vinha-nos convidar para um pé de dança. Pat adorava e aceitava sempre. Eu aceitei apenas algumas vezes. Mas agora recordo com muita saudade essas idas ao baile com a nossa querida Mrs.Murray! Mr. Murray nunca ia connosco. Preferia ficar perto dos seus dentes!

Recordo o dia quando deixei Chalk Farm, ela lá estava à sua janela, no seu segundo andar, para me acenar boa viagem. Depois disso ainda a vimos algumas vezes em casa do seu filho, para onde se tinha mudado quando Mr. Murray deixou para sempre os seus dentes num copo, numa casa de banho em Chal Farm.

Anos passaram e, um dia, recebemos uma carta do seu filho com apenas uma uma curta frase: “Mother joined father”!

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire