
Pat voltou para mais um fim de semana. Deu grandes voltas por Londres mas mesmo assim passámos boas horas de excitante intimidade. Dessa sua segunda visita ele propos-me deixar o seu emprego em Chelmsford e vir para Londres pocurar trabalho para ficar mais perto de mim e afastar-se duma rotina provincial demasiado limitada para o seu gosto. Concordei com ele, pois que já começava a sentir-me bastante afeiçoado à sua doce pessoa e maravilhoso corpo de marfim que eu tanto gostava de ter sob o meu sempre a rebentar de sensualidade e desejo de o sentir por dentro. Penetrar aquele corpo branco e submisso começou a ser para mim uma imperiosa necessida física. Tê-lo todo só para mim, para assim esquecer certas perdas como foram perder o Melo, O Robin e, muito recentemente, o Johnny! Mas eu continuava sempre prisioneiro do meu anseio de fundar uma família e consentir que o Pat viesse viver comigo era um perigo fatal. Tão obsecado andava que, um dia, vou solicitar a ajuda do Dr. Tom, ali mesmo em frente do Parque. Haveriam por acaso algumas possibilidades de, com ajuda médical que me ajudasse a contrariar as minhas tendências sexuais, aquela minha atracção incontrolável de desejar o mesmo sexo, quando eu queria ser como todos os demais: casar com uma mulher que seria a minha companheira para a vida e a mãe dos meus filhos, a minha descendência! Dr. Tom explicou-me que as tendências sexuais de cada um eram genéticas, que eram as hormonas masculinas e femininas que nos correm nas veias que decidem. Que se comem umas às outras e, assim, as mais glutonas, são aquelas que determinam a nossa sexualidade. Que eu tentasse ser bissexual, que era a melhor solução. Que era o seu caso! Que era casado e tinha dois filhos, mas que também se sentiam atrído por rapazes jovens e bonitos como eu! Espantado com aquela inesperada confissão, olhei-o naquela pontinha de língua espreitando ao canto daquela boca sensualíssima, aqueles olhos muito azuis e insidiosos, aquelas têmporas grisalhas, aquelas mãos muito brancas onde luzia uma pesada aliança de ouro maciço a lembrar-me que estava em face dum homem casado com dois filhos - o meu mais recôndito fantasma - a fazer-me ambíguas propostas e, claro, não resisti! O resto dessa consulta pode muito facilmente ser conjecturado!
Assim, Pat, uma bela manhã de Sábado, aparece-me com a sua pesada malona. Casámos os dois divãs para que os nossos corpos também se pudessem casar sempre que o meu assíduo desejo me assomava. Organizámos o nossso estúdio o melhor que pudémos. Havia bastante espaço. A nossa cama recem casada perto duma das largas janelas e, junto à outra janela gémea, a pequena mesa redonda com quatro cadeiras à volta e, claro, ao centro dessa mesa, um naperon redondo que eu tinha feito, com um jarrão atafulhado de flores naturais que eu comprava na loja de frutos e legumes, ali na Regents Park Road que pertencia a um simpático casal de sul-africano que, 30 anos mais tarde, quando passei à sua porta, ainda me reconheceram! Tínhamos um grande guarda-roupa e uma kitchinette com o seu lavabo com torneiras de água quente e fria, que nos vinha dum pequeno esquentador aparafusado à parede. Como a retrete a casa de banho se encontravam no patamer do andar superior, eu tinha, por perguiça, o hábito de urinar no lavabo com a torneira de água fria generosamente aberta. Pat não apreciava este meu luxo e andava sempre a pedir-me para não fazer, mas era mais forte do que eu! A retrete e casa de banho estava quase sempre ocupada e quando a bexiga apitava, eu vinha a correr para casa para ela se despejar. Um dia ele, muito danado, disse-me:
- Robi! How many more times do I have to ask you not to piss in the sink!
Ao qual eu respondi:
- I know you would rather see me sinking in the piss!
Este pequeno incidente é frequentemente relembrado sempre com uma gargalhada! Foi nesse dia que o Pat se apercebeu como eu sempre gosto de brincar com as palavras. Ainda hoje falámos nisso!
Eu e o Pat palmilhávamos a Ainger Road até à Primrose Hill Road onde nos bastava atravessar a rua para entramos no esplendoroso Primrose Hill Park para apanharmos um pouco de sol, quando o havia. Era nesse parque que, estendidos sobre a relva, víamos o mundo passar. Haviam sempre magotes de crianças que corriam dum lado para o outro atrás duma bola e casais de mãos dadas aos beijinhos pouco discretos. Haviam também os belos adolescentes que mal havia um raio de sol iam a correr a casa vestir calções para mostrarem as suas pálidas coxas que, por vezes me dava vontade de os convidar a vir tomar um chá no nosso estúdio. Curiosamente, eu tornei-me muito possessivo sobre o Pat, como se ele fosse propriedade minha que ninguém podia tocar, mas eu continuava a ser a mesma cabeça de vento que queria apanhar todas essas belas borboleta que ousassem esvoaçar à minha volta.
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