mardi 10 novembre 2009
Tinha de Acontecer!
Pat voltou para mais um fim de semana. Deu grandes voltas por Londres mas mesmo assim passámos boas horas de excitante intimidade. Dessa sua segunda visita ele propos-me deixar o seu emprego em Chelmsford e vir para Londres pocurar trabalho para ficar mais perto de mim e afastar-se duma rotina provincial demasiado limitada para o seu gosto. Concordei com ele, pois que já começava a sentir-me bastante afeiçoado à sua doce pessoa e maravilhoso corpo de marfim que eu tanto gostava de ter sob o meu sempre a rebentar de sensualidade e desejo de o sentir por dentro. Penetrar aquele corpo branco e submisso começou a ser para mim uma imperiosa necessida física. Tê-lo todo só para mim, para assim esquecer certas perdas como foram perder o Melo, O Robin e, muito recentemente, o Johnny! Mas eu continuava sempre prisioneiro do meu anseio de fundar uma família e consentir que o Pat viesse viver comigo era um perigo fatal. Tão obsecado andava que, um dia, vou solicitar a ajuda do Dr. Tom, ali mesmo em frente do Parque. Haveriam por acaso algumas possibilidades de, com ajuda médical que me ajudasse a contrariar as minhas tendências sexuais, aquela minha atracção incontrolável de desejar o mesmo sexo, quando eu queria ser como todos os demais: casar com uma mulher que seria a minha companheira para a vida e a mãe dos meus filhos, a minha descendência! Dr. Tom explicou-me que as tendências sexuais de cada um eram genéticas, que eram as hormonas masculinas e femininas que nos correm nas veias que decidem. Que se comem umas às outras e, assim, as mais glutonas, são aquelas que determinam a nossa sexualidade. Que eu tentasse ser bissexual, que era a melhor solução. Que era o seu caso! Que era casado e tinha dois filhos, mas que também se sentiam atrído por rapazes jovens e bonitos como eu! Espantado com aquela inesperada confissão, olhei-o naquela pontinha de língua espreitando ao canto daquela boca sensualíssima, aqueles olhos muito azuis e insidiosos, aquelas têmporas grisalhas, aquelas mãos muito brancas onde luzia uma pesada aliança de ouro maciço a lembrar-me que estava em face dum homem casado com dois filhos - o meu mais recôndito fantasma - a fazer-me ambíguas propostas e, claro, não resisti! O resto dessa consulta pode muito facilmente ser conjecturado!
Assim, Pat, uma bela manhã de Sábado, aparece-me com a sua pesada malona. Casámos os dois divãs para que os nossos corpos também se pudessem casar sempre que o meu assíduo desejo me assomava. Organizámos o nossso estúdio o melhor que pudémos. Havia bastante espaço. A nossa cama recem casada perto duma das largas janelas e, junto à outra janela gémea, a pequena mesa redonda com quatro cadeiras à volta e, claro, ao centro dessa mesa, um naperon redondo que eu tinha feito, com um jarrão atafulhado de flores naturais que eu comprava na loja de frutos e legumes, ali na Regents Park Road que pertencia a um simpático casal de sul-africano que, 30 anos mais tarde, quando passei à sua porta, ainda me reconheceram! Tínhamos um grande guarda-roupa e uma kitchinette com o seu lavabo com torneiras de água quente e fria, que nos vinha dum pequeno esquentador aparafusado à parede. Como a retrete a casa de banho se encontravam no patamer do andar superior, eu tinha, por perguiça, o hábito de urinar no lavabo com a torneira de água fria generosamente aberta. Pat não apreciava este meu luxo e andava sempre a pedir-me para não fazer, mas era mais forte do que eu! A retrete e casa de banho estava quase sempre ocupada e quando a bexiga apitava, eu vinha a correr para casa para ela se despejar. Um dia ele, muito danado, disse-me:
- Robi! How many more times do I have to ask you not to piss in the sink!
Ao qual eu respondi:
- I know you would rather see me sinking in the piss!
Este pequeno incidente é frequentemente relembrado sempre com uma gargalhada! Foi nesse dia que o Pat se apercebeu como eu sempre gosto de brincar com as palavras. Ainda hoje falámos nisso!
Eu e o Pat palmilhávamos a Ainger Road até à Primrose Hill Road onde nos bastava atravessar a rua para entramos no esplendoroso Primrose Hill Park para apanharmos um pouco de sol, quando o havia. Era nesse parque que, estendidos sobre a relva, víamos o mundo passar. Haviam sempre magotes de crianças que corriam dum lado para o outro atrás duma bola e casais de mãos dadas aos beijinhos pouco discretos. Haviam também os belos adolescentes que mal havia um raio de sol iam a correr a casa vestir calções para mostrarem as suas pálidas coxas que, por vezes me dava vontade de os convidar a vir tomar um chá no nosso estúdio. Curiosamente, eu tornei-me muito possessivo sobre o Pat, como se ele fosse propriedade minha que ninguém podia tocar, mas eu continuava a ser a mesma cabeça de vento que queria apanhar todas essas belas borboleta que ousassem esvoaçar à minha volta.
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