dimanche 15 novembre 2009

Hilton após Hilton
















Mrs. Sellar organizou um pequeno e muito discreto copo de despedida, entregando-me uma carta de boas referências do Mr. Wood, desejando-me muita sorte para o meu futuro profissional e sobretudo, uma frase que muito me tocou:

- I shall miss you!

Comecei as minhas noites no Hilton logo no dia seguinte. Pat teria preferido que eu continuasse a trabalhar de dia, pois que dormir sozinho e ao voltar da B.B.C., por volta das seis e meia, eu ainda estava a dormir e que, depois, a minha presença era apenas o jantar e quase logo a seguir sofrer as minhas malfadadas noites no Hilton.

Essas noites foram-me muito difíceis por muitas razões! Antes de mais nada, saber o Pat sozinho, sem mim para me sentar a seu lado para ver um filme na televisão, um salto ao Pub, e outros pequenos hábitos que tínhamos criado. Depois, o trabalho de “night-auditor” nunca me tinha agradado! Sempre me desagradaram essas funções de, sozinho nos bastidores duma recepção, sem ver ninguém, ter de fazer as contas diárias de centenas e centenas de hóspedos cujas caras nunca lhes tinha posto os olhos em cima! O grande prazer de trabalhar de dia numa recepção era ver gente, dispensar os meus serviços a pessoas que normalmente me apreciavam. Muitas vezes hóspedes que de regresso a suas casas por esse mundo fora me enviavam uma carta a agradecer as minhas atenções e a oferecerem-me as suas casas e préstimos! Como “night-auditor” eu sentia-me como se fosse apenas um fantasma com os pés agrilhoados, a cumprir um castigo!

Um dia voltei a falar com o chefe do pessoal e queixei-me das minhas agruras. Que me tinha “casado” recentemente e que precisava de continuar a garantir as minhas obrigações maritais. Esta minha preocupação pareceu tocar-lhe bem fundo do humanismo que dele se desprendia e logo me prometeu tentar resolver o meu problema. Dias depois ele convocou-me ao seu escritório e estendeu-me um outro contrato para eu assinar. Era para recepcionista de dia num outro Hilton. O Hilton em Lacaster Gate, ali a Paddington! Fiquei radiante! Não só poderia recomeçar a fazer uma vida normal com o Pat, como também ficava ali tão perto do Johnny. Quem sabe?

O trabalho no Lancaster Gate foi uma solução temporária, pois que quase imediatamente novamente recebi ordens de cortar o cabelo! Quanto a mim era um absurdo! Todos os homens andavam de cabelos pelos ombros, não percebia porque razão um recepcionista não teria direito de andar à moda! Não tive tempo de fazer amizades ou fabricar recordações. Como, ali não muito longe, havia um pequeno hotel com menos importância do que o Berners e os Hiltons, um dia entrei nesse hotel e pedi trabalho. Fui logo aceite! Perguntei se tinha de cortar o cabelo? A resposta foi imediata e salvadora:

- No problem at all!

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