dimanche 8 novembre 2009

O Berners Hotel e Miss Pollack!








Hella veio jantar nessa noite. Ficou encantada com o meu apartamento! Que precisava dum ninho assim para ela e o Mahmoud, que andavam sempre em encontros furtuitos e às escondidas de todos! Que tinha deixado Israel para poder viver o seu romance com um palestiniano, pois que em Israel, uma judia andar com um árabe era um pecado mortal, uma afronta ao país e às tradições judaicas! Que mesmo no hotel todo o cuidado era pouco!

Falámos dos nossos belos tempos do Tadmor e tantas coisas mais! Até gostou do jantar que eu tinha improvisado e que foi servido na pequena mesa redonda da pequena sala. Falou-me também do que era trabalhar no Berners Hotel. Que miss Pollack era uma frustrada virgem que nunca teve a coragem de provar os grandes prazeres duma cama a dois! Que ela fazia a vida negra a toda a gente no hotel, não apenas aos que para ela trabalhavam na recepção, que era o seu reino, e que o seu reinado já durava há tantos anos como fora o da Raínha Vitória! Que me pusesse a pau com ela, que ela não gostava de homens, muito menos sob a sua alçada! Passámos esse serão juntos até muito tarde! Quando demos por ela já passava da meia-noite! Hella decidiu apanhar um táxi mas eu propus-lhe ela passar a noite em minha casa, naquele pequeno divã na sala, que eu transformei em modesta alcova.

No outro dia de manhã, como ambos tínhamos de estar a postos às sete da manhã, pusémos o despertador para as seis e quando ele nos acordou ambos saltámos da cama. Hella não quis pequeno almoço, que o tomaríamos no hotel. Apenas tomámos um café com leite para podermos fumar um cigarro. Pediu-me para vestir calças pretas, camisa branca, e gravata preta, que o casaco seria o que o hotel fornecia. Apanhámos o Metro (o Tube) em Chalk Farm e daí, linha directa até Tottenham Court Road, a dois passos do Berners. Chegados ao hotel Hella foi comigo ver a costureira do hotel que se encarregava das fardas. Como não tinha calças pretas, mas sim cinzentas escuras, ela tirou-me as medidas para me fazer calças pretas ao meu tamanho. Depois de fardado fomos tomar o pequeno almoço ao restaurante dos hóspedos, visto sermos “high-staff”! Adorei aquele pequeno almoço observando as pessoas através das cortinas da janela passando como fantasmas ambulantes na velha Berners Street. Às sete em ponto estava na recepção. Miss Pollack já tinha chegado. Estava ocupadíssima com as reservas do dia, alojando os futuros hóspedos nos quartos adquados. Quando me viu nem “good morning” me deu! Apenas que as minhas calças não eram pretas! Depois de lhe ter explicado que as minhas calças estariam prontas dentro de dois dias, ela afundou-se de novo no seu trabalho e deixou-me à balda sem saber o que fazer. Quando lhe perguntei como lhe podia ser útil, ela responde-me que eu era um diplomado, que sabia muito bem o que se fazia numa recepção. Por fim deu-me algumas intruções para eu me ocupar. Triavilidades! Preparei-me para ter muitas turras com essa senhora que parecia detestar toda a gente! O que me valeu foram os bellboys e outros funcionários que me vieram cumprimentar e desejar-me pachorra com Miss Pollack, que ela era uma cadela que só mordia nos que não se podiam defender. Que ela precisava dum açaime! A minha resposta imediata foi que cá por mim ela vinha de carrinho, que se ela me mordesse eu também tinha os dentes bem afiadinhos e prontos a entrar em acção! E foi o que viria a acontecer!

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