mardi 17 novembre 2009
Torremolinos Aguardava-nos
Depois de mais alguns meses cheios de peripécias, lá chegámos à conclusão que era tempo que o Pat visse algo mais do que Devon e Cornwall. Assim, um dia, à hora do almoço, como havia ali muito perto da B.B.C., onde o Pat trablhava, uma Agência de Viagens, parámos a ver aquela montra cheia de sedutoras propostas. Ainda era mais difícil escolher aonde ir do que num restaurante o que havíamos de encomendar. Decidimos entrar e indagar como eram os preços de todas aquelas fugas ao nevoeiro londrino. Chegámo-nos ao balcão onde um jovem ainda mais belo do que todos aqueles luminosos cartazes a lembrarem-nos quanto mais bela a vida era sob um céu azul onde, lá em cima, o sol resplandecia! Sendo Pat muito tímido, era sempre eu quem passava ao ataque! Aquele sorriso ali por detrás do balcão fez-me esquecer todos os cartazes que me tinham incendiado aquela ânsia de apanhar sol que quase lhe perguntei quanto me custaria um fim de semana com ele, onde ele muito bem entendesse. Ele certamente se apercebeu da minha fome do seu franzino corpo, daquele doce mel a escorrer-lhe daquela boca a escaldar de promíscuas promessas, pois que numa voz a transbordar de carícias, apresentou-se:
- I am Peter! Can I help you?
Maliciosamene respondi-lhe:
- At this very moment nobody could help me better than you!
Ele enviou-me um sorriso muito consentidor a sugerir-me que todos os meus desejos podiam ser satisfeitos.
Falei-lhe da nossa vontade de ir passar duas semanas de férias, algures, ao sol. Mas, por favor, não demasiado dispendioso! Ele respondeu-me que o mais barato seria Espanha, pois que era o mais próximo de Inglaterra. Apontou-me um cartaz de Torremolinos como sendo muito bonito e o mais acessível. Conservando um olho sobre o cartaz e o outro sobre aquele divino sorriso, perguntei-lhe quanto? Não recordo qual o custo, mas aceitei pois que estava ao nível das nossas economias. Ele pegou no telefone e tratou das reservações. Depois produziu dois bilhetes ida e volta que me empurrou na direcção dos meus irrequietos dedos sobre o balcão, invadindo-me os olhos com os seus belos olhos cheios de nítidas escaldantes promessas. Paguei e, antes de sair, agradeci-lhe a atenção, e perguntei-lhe:
- Would you like me to bring you a nice “souvenir” from Torremolinos?
A sua resposta foi a mais inesperada e ao mesmo tempo a mais apetecida:
- Just bring me yourself back!
Saí dessa agência mais leve do que uma pluma esvoaçando pelo espaço! Eu desejava ainda mais aquele seu pequeno corpo todo entregue nos meus braços e aqueles seus grossos e rubros lábios que tanta vontade me davam de os morder, do que ir de férias a Torremolinos!
Ao sairmos, Pat sorriu-me discretamente dando-me a entender que ele tinha compreendido o que já pairava no ar, e que estava pelos ajustes!
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