dimanche 15 novembre 2009
Modas e suas consequências
O tempo foi passando. No Berners tudo se passava pelo melhor. Miss Pollack tinha finalmente aceite a presença dum homem na sua recepção. Isto até ao dia em que a moda dos homens deixarem crescer os cabelos até aos ombros me agarrou! Moda muito ambígua! Nas ruas de Londres já era difícil saber quem era quem! As mulheres começaram a usar “hipsters” e cabelos até ao meio das costas, e os homens idem! Quando caminhávamos num dos passeios da Oxford Street e na nossa frente se deparava um belo traseiro, nunca se sabia se essa dádiva divina pertencia a um homem ou a uma mulher! Mesmo assim, posso garantir que não foi nessa época em Londres que foi descoberta a bissexualidade. Isso já vinha dos tempos da Idade da Pedra! Uma coisa era certa! Ficava-me bem e todas as minhas colegas invejavam o meu penteado, mas Miss Pollack exigiu que eu cortasse o cabelo à homem, como ela se pronunciou! Recusei! Dias mais tarde fui chamado ao escritório do Mr. Wood, onde ele me aguardava na companhia de Mrs. Sellar. Ele também me deu ordem definitiva de cortar o cabelo. Mrs. Sellar foi a única que me defendeu, dizendo que era a moda e que me ficava muito bem, que não via nisso nenhum mal. Que não seria os meus longos cabelos que me impediriam de fazer o meu trabalho com a mesma eficácia e que até os hóspedes gabavam o meu visual. Eu, com o apoio de Mrs. Sellar, recusei e, dias mais tarde tinha uma carta do Mr. Wood dispensando os meus serviços! Essa carta arrasou-me! Eu gostava de trabalhar no Berners, dava-me bem com todos os meus colegas, e adorava as minhas refeições no restaurante dos hóspedes, na doce companhia da minha querida Hella! Hella aconselhou-me a cortar o cabelo para continuarmos juntos, que ser minha visinha não chegava, que queria continuar a ser minha colega! Respondi à Hella que quem mandava na minha vida e nos meus penteados era eu, mais ninguém! Assim, comecei a por os pés a caminho em busca de outro emprego. O primeiro hotel a cuja porta bati, foi o Hyde Park Hilton, ali a dois passos. Quando lá entrei e me dirigi à recepção a indagar como poderia eu falar com o chefe do pessoal, fiquei surpreendidíssimo! O recepcionista que encontrei por detrás do balcão foi um rapaz que tinha tirado o curso comigo no Tadmor Hotel em Herzelia. Ele apresentou-me o dito responsável que, depois de lhe ter mostrado o meu diploma, sem exitação, ofereceu-me trabalho como “night-auditor”! Esse trabalho não me aprazia porque detestava fazer as noites e o trabalho nele envolvido. Sobretudo evitava fazer as noites porque tinha muito poucos contactos com os hóspedos, o que, a meu ver, era uma das grands vantagens de trabalhar numa recpção: conhecer gente! E mais importanto ainda, queria dormir na minha cama com o homem que se tinha instalado na minha vida!
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