vendredi 6 novembre 2009

London - Primrose Hill Park









A minha visita a Portugal foi bastante curta. Estava ansioso de recomeçar a minha aventura e descobrir Londres, outras camas, e tantas coisas mais! Visitei toda a minha família e amigos e logo que obtive os cinco contos da mão do Zé Manel comprei uma ida até Londres e desandei novamente a grande velocidade!

Depois de algumas burocracias de passaportes, peguei novamente na minha maleca e lá fui pegar num avião para o meu primeiro voo internacional! Foi o Saul, aquele tipo que numa noite de luar, na praia do Sharon, em Herzelia, me tinha muito romanticamente proposto casamento e trabalho no seu hotel algures nos subúrbios de Londres, que me foi buscar ao Heathrow Airport. Pelo caminho, conduzindo, para meu grande espanto, no lado esquerdo da estrada, que Saul me pôs ao corrente que tinha trespassado o seu hotel e que tinha comprado um outro nos Baleares, em Espanha, e que precisava dos meus serviços como director. Aterrado - sempre temi funções de grande responsabilidade – disse-lhe que não estava interessado, que tinha vindo para Inglaterra para conhecer o País, suas gentes e costumes, que queria melhorar o meu Inglês! E que ia viver em Paddington, com o Johnny, um outro correspondente meu! Ele ficou desapontado e muito ferido no seu amor próprio e planos de futuro! Depois duma breve e única noite de núpcias em sua casa, depositou-me frente ao número 2, Erskine Road, London W3, onde moravam o Zé e a Berta, que tinha, anos atrás, conhecido em Lisboa, na Pensão Areeiro. Do Saul, nunca mais ouvi falar! Oxalá tenha sido bem sucedido nos Baleares e que tenha encontrado um companheiro que o amasse e dirigisse o seu belo hotel à beira-mar plantado, onde as gaivotas rompendo o azul do céu viessem pousar nos seus beirais trazendo-lhe no bico as mensagens do amor que lhe recusara e de que ele me parecera tão carente. Mas havia Johnny que me aguardava algures em Paddington, com os braços abertos e uma cama e casa às ordes!

O Zé e a Berta viviam num pequeno apartamento no terceiro andar. Tinham apenas a grande cozinha e casa de jantar com uma pequena e silenciosa janela que dava para os denegridos telhados das traseiras, sempre envolvidos numa espessa neblina bem londrina. Tinham depois a pequena sala com um divã ao pé duma janela que dava para a Erskine Road, no qual eu pernoitei algumas noites até me organizar e encontrar o meu próprio refúgio. Dessa sala havia uma porta sempre aberta, que só se fechava à noite, antes de irem para a cama, que dava para o quarto deles. Nesse quarto havia, além duma larga cama de casal, uma caminha engalanada, que era a caminha do filho deles, o Paulo, a quem chamavam Papu, a quem eu, muito em breve, iria chamar o “meu Papuzinho”, por ele ter imediatamente tomado no meu coração, o lugar do meu filho que nunca vira nem sabia por onde andaria! O que mais me surpreendeu foi verificar que eles não tinham casa de banho. A dita encontrava-se no patamar do andar inferior, e que era a casa de banho de todos os inquilinos. Assim como aquele cubículo com uma janelinha para a rua, onde havia uma espécie de telefone público, que todos utilizavam como telefone pessoal, introduzindo uma pequena moeda, cujo valor já não recordo. A primeira vez que utilizei esse telefone para falar com o Johnny. Berta acompanhou-me, para me ajudar com o seu Inglês, mas quando eu abri a boca e comecei a por o Johnny ao corrente da minha chegada, ela apercebeu-se que o meu Inglês era óptimo e que não precisava de ajudas! O Zé trabalhava na B.B.C., no “Portuguese Department”, a Berta no atelier dum arquitecto em Holborn. Se ambos trabalhavam horários diurnos, pergunto-me agora quem tomomaria conta do meu Papuzinho durante o dia?!

Foi nesse restaurante em Holborn, perto do atelier da Berta, que ela me arranjou aquele trabalho temporário de lavar pratos, enquanto eu não punha em dia e em ordem os meus papéis e outras exigências burocráticas. Vivi algumas semanas com eles e quando um estúdio vagou no mesmo prédio, no andar de baixo, tornei-me independente, e só então fui reclamar as minhas malas que tinha despachado de Nápoles. Foi o Zé quem me levou lá ao depósito onde elas se encontravam. Lembro-me perfeitamente que foi o cabo dos trabalhos para encontrarmos a morada desse Depósito de Bagagens, assim como as ditas malas! Essas malas invadiram a pequena sala do Zé e da Berta. Mal se podia passar! Por sorte o meu estúdio no segundo-andar estaria disponível no fim desse mês! Até essa data certamente fui um estorvo para o Zé e a Berta e as suas ruidosas actividades nocturnas e deveres conjugais!

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