samedi 14 novembre 2009

A Total Integração
















Com o rodar do tempo integrei-me totalmente no meio ambiente. Como, de resto, faço sempre que mudo de país e de culturas! Eu comecei a vestir-me como quase todos os londrinos, a comportar-me como eles, a ir aos mesmos Pubs que eles, a ter absolutamente a mesma rotina e mentalidade que os ingleses dessa época tinham! Como eu falava muito bem o Inglês e o sotaque londrino me entrara pelos ouvidos e se alojara no meu cérebro, como se tivesse sido uma nova cantiga que eu tinha aprendido da telefonia, muitos não acreditavam que eu não fosse inglês! Sobretudo sempre surpreendidos pelo facto de eu não ter quaisquer vestígios do caracterísrico sotaque português! Eu trabalhava, apanhava o Tube, e comportava-me como todos os demais lá nascidos e, sobretudo, não tinha ares de estrangeiro só de passagem. De resto, instalado no meu belo pequeno apartamento com o Pat, realizando um dos meus velhos sonhos de me estabelecer com alguém e deixar o putedo das ruas. Isso era precisamente o que eu mais louvava! Bem, o putedo das ruas, à socapa, nunca deixei totalmente. Eu era e sou um amigo fiel mas, na cama, como viajar, gostava de mudar de paisagens! O Pat foi o primeiro a aperceber-se disso! Eu já o sabia de longa data! Eu era um britânico pouco fiel à sagrada união perante Deus! Algo em mim me impedia de o ser! Gostava muito de bacalhau com batatas, mas não todos os dias! Uma boa guisalhada de vez em quando era sempre bem-vinda! Portanto eu era terrivelmente possessivo e queria o Pat só para mim! Ao ponto de, um dia, mentindo-lhe, dizendo que trabalhava até às onze da noite, para me meter debaixo da nossa cama para ver se ele, quando voltava do seu trabalho, engatava um gajo bonito para o meter na nossa cama. Nesse dia tive a grande surpresa de verificar que ele voltara sozinho e que depois dum duche se sentou na sala a ver televisão. Dum certo modo eu teria preferido que ele tivesse regressado com um belo matulão para me tirar de dúvidas e não mais pensar no assunto! Saí de debaixo da cama e abri docemente a nossa porta de entrada e bati com ela ruidosamente para ele pensar que eu tinha acabado o meu trabalho mais cedo do que o previsto! Nesse dia ele não se apercebeu mas, muitos anos mais tarde, contei-lhe esse incidente, e ele sorriu...

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