dimanche 2 août 2009

Encontro com a VIda



Os anos foram passando e eu sem nenhumas notícias do Rogério Paulo. Apenas o fui ver ao Cine-Teatro de Mafra no filme “A Garça e a Serpente”, com ele e a minha querida Carmen Dolores, que estava cada vez mais formosa.
Como o Rogério me tinha aconselhado de ir para Lisboa e tentar a minha sorte, uns anos depois fui para a Capital, trabalhar na Tentadora, ali a Campo de Ourique. Mais tarde para o Tique-Taque, aquele famoso Snack-Bar dos artistas, na avenida de Roma. Iam lá muitos artistas, mas nem sombras do Rogério Paulo.
Depois comecei a trabalhar na acabada de ser inaugurada RTP, para ver se conseguia ser actor, como o Rogério. Trabalhei com o Nuno Fradique todas as quartas feiras para o seu programa de variedades, todas as noites às 10 horas. Foram tempos excepcionais, quando conheci muita gente do cinema, do teatro, e da canção.
Conheci lá muitos actores e actrizes, mas o Rogério nunca apareceu.

Os anos continuaram a passar. Eu vivia então na Sacadura Cabral, numa pensão a que chamávamos, por graça, o “Gavião Branco”, ali mesmo ao pé do Tique-Taque. Eu passava a vida a correr para o Lumiar para fazer figurações para curtas-metragens da RTP. Um dia o Arthur Duarte propõe-me um pequeno papel no filme que andava a preparar, o “Encontro Com a Vida”. Fiquei radiante! O que eu queria era ser era actor! As Balas-Artes tinham deixado de ser o meu objectivo principal. Eu queria ser visto e apreciado e talvez um dia ser um grande e famoso actor português. Era talvez o início da minha grande carreira!

Dias depois recebo uma carta do Arthur Duarte no “Gavião Branco”, para eu estar no dia tal às oito da manhã numa garagem por detrás do edifício do Diário de Notícias. Chegada essa data, lá estava eu no local indicado para as filmagens. O Arthur Duarte explica-me o que eu tinha que fazer. Como nessa garagem havia uma bomba de gasolina, teria de ir encher o depósito dum carro qualquer, e que depois o actor principal do filme viria chamar-me à porta e perguntar-me se eu conhecia aquele senhor a quem eu tinha enchido o depósito do seu carro. A minha resposta seria que não conhecia esse senhor de parte alguma. E era tudo!
Depois fomos tomar o pequeno-almoço num Café ali perto e às nove da manhã voltámos a essa garagem para as filmagens. Tudo se passou como previsto. Fui encher o depósito do carro desse senhor e depois regresso ao interior da garagem. Então vem o actor principal do filme chamar-me e perguntar-me se eu conhecia aquele senhor. Quando vi o actor principal desse filme, nem queria acreditar!
Era o Rogério Paulo!

Ele, claro, como bom actor que era, fez o seu papel. Eu pensei que ele não me tinha reconhecido. Oito anos tinham passado desde essa rápida despedida no Café Estrela.

Ele fez o seu papel e eu fiz o meu, mas quando o Arthur Duarte grita:

- Corta!

Caímos nos braços um do outro!

– Tás a ver, Rogério? Eu bem te tinha dito que um dia faríamos um filme juntos!

Depois fomos ao Lumiar fazer a dobragem dos diálogos, pois que as filmagens tinham sido feito no exterior, com montes de mirones, e os diálogos não foram gravados directamente. Depois das dobragens feitas fomos almoçar à cantina da RTP. O Rogério mostrou abertamente a sua alegria de me rever e, sobretudo, de me ver finalmente, como ele tinha desejado, em Lisboa, a tentar a sorte como actor de cinema. Ele deu-me o seu número privado no Teatro Monumental, onde ele estava então a actuar. Que viesse um dia tomar um copo com ele.




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